sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Ano novo


Tenho esta mania de achar que ano devia começar em meados de Setembro ou Outubro.  Mas só este ano percebi por que é que o sentimento de renovação só me invade nessa altura.

Para qualquer pessoa da minha geração (anos 80) que tenha andado na escola durante grande parte da sua vida, o ano novo era o ano novo escolar. O cheiro dos livros escolares novos, o regresso à escola e aos amigos de pele mais morena e cabelo mais comprido que não tínhamos visto durante as longas férias de verão. Este é o recomeçar das crianças que andam na escola.

Mas só recentemente descobri que este período é também o das colheitas, período em que se despem os ramos seus frutos e se começa um novo ciclo. Na horta dos meus avós, ou melhor nas três pequenas hortas que os meus avós têm em São Facundo, é a altura de se apanhar a azeitona e as uvas e fazer o azeite e o vinho. Um pouco mais cedo, já se apanhou o milho. Ah, e chegam as deliciosas frutas de inverno.



A vindima de 2009 foi a primeira que deu 
vinho...e eu é que a pisei. Se o nosso lagar
 improvisada fosse um spa, chamavam-lhe 
vinothérapie...

As deliciosas frutas de outono: marmelos, diospiros
e tanjas (estas últimas a serem apanhadas pela Mãe).

Mas acontece que só muito recentemente comecei a ter interesse em trabalhar na horta. Estive longe da horta durante toda a minha vida, porque vivia longe e porque as coisas boas iam todas parar ao meu prato sem que eu  mexesse um dedo. Mas uma oportunidade de trabalho mais perto de casa, provocou este regresso a casa pelo qual eu já tanto ansiava. Deixei o deserto da cidade grande para trás e vou aventurar-me na aprendizagem dos trabalhos na horta. Acho que o Avô e a Avó ficam contentes, porque apesar da força toda que eles têm e de nós acharmos que eles vão cuidar da horta para sempre, acho que eles já pensaram no que será da horta quando eles, um dia, devido ao peso da idade, já não tiverem a mesma destreza a fazer uma ou outra coisa. Eu penso nisso, e imagino-os daqui a muito tempo, já muito velhinhos deitados ao sol numa espreguiçadeira a beber limonada e a admirar como os filhos e netos continuam a cuidar da horta, tal como eles fizeram toda a vida.

É a partir deste mês de Janeiro (o mês em que começa o ano "artificial" e o Borda d'Água) que eu pretendo dedicar-me com mais regularidade à horta. Este vai ser um blog/diário da horta, com muitas fotografias e descobertas.

Vamos começar!




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